Celso Amorim, o chanceler de triste figura e arremedada estampa de cabelos mofados para efeitos de nossas Relações Exteriores, não estava no lugar errado na hora certa. Encontrava-se, se alguém o procurasse, a milhares e milhares de quilômetros do epicentro de todas as coisas sensatas, inclusive das mais insanas como o terremoto do Havaí. Estava, como lhe faz bem, equidistante de Natal e de Angra dos Reis, onde a terra mostrou a que veio. Longe, muito longe, de onde bem que ele poderia estar.
As declarações oficiais de Amorim foram patéticas na coletiva armada pela assessoria de comunicação itamarateca, na tarde dessa já longínqua quarta-feira de cinzas fora de temporada. Só se aproveitou mesmo o que o discípulo do Mestre Lula anunciou como primeira providência de seu amo e senhor: - O nosso presidente Lula já mandou parar imediatamente com os tremores de terra no Haiti e adjacências.
O chanceler dos chanceleres brasileiros inaugurou a entrevista coletiva sem pé nem cabeça. Os repórteres não sabiam o que perguntar e Amorim não sabia o que responder.
Fontes de credibilidade oficiosa informam que tropas governistas do Congresso em recesso estão envidando todos os esforços para provar que o terremoto no Haiti foi urdido DEMoniacamente por militantes tucanos. O alvo seria a candidatura de Dilma Roucheffe da Casa Civil ao lugar de Mestre Lula.
Na falta de maiores e melhores fontes de informação, os jornalistas aqui no Brasil foram à cata do grande furo de reportagem. Quem chegou mais perto foi um desses TVNews que proliferam por aí - GloboNews, BandNews, RecordNews... Um desses entrevisotu o primo da cunhada do vizinho que cuidava do gato angoá da avó da namorada de um soldado brasileiro que no próximo semestre iria ser incorporado à Força de Paz do Brasil no Haiti. Ele não sabia de nada. Na hora da tragédia ele estava aqui no Brasil, tentando inscrever-se na listagem dos que iriam para Porto Príncipe ganhar o soldo em dólares.
O Haiti tem 9 milhões de habitantes. Nada menos de 3 milhões estão desabrigados. Os outros 6 milhões nunca tiveram abrigo. É o país mais pobre das Américas.
In Memorian - Diante da tragédia do Haiti as casas de Angra dos Reis foram parar nos rodapés dessa nova montanha de notícias funestas. O governo, os jornais, rádios e TVs brasileiros já foram à Missa de 7° Dia. E não se fala mais nisso.