Usam e abusam do poder da máquina; mexem e remexem com a mão nas carteiras públicas, sempre muito mais ricas que os países a que pertencem. E sua bondade se espalha sobre monturos de adversdários que, em nome da corrupção desenfreada que chamam de "governabilidade por coalizão" viram amigos de fé, companheiros bons e batutas. Todos filhos da mesma luta. São todos metamorfoses ambulantes.
O tempo, no entanto, mais do que transformá-los em reles ditadores, acaba por fazê-los uns folgados. E olha que aqui, folgado é eufemismo. Podem perguntar para o Jobim da Selva.
Quem agüenta ver a cara de Cristina Kirchner todos os dias? É como se a gente fosse casado com ela. Que rotina. Todas as noites aquele ronco; todas as manhãs o mesmo bafo; todo santo dia, aquelas manias... Uma chata, pra lá de folgada.
Quem suporta dar de cara à toda hora com o cacique-cocaleiro Evo Morales e seu jeitão de pajé arrependido? É como se a gente fosse o cunhado que ele correu de sua tenda, só para futricar nossas irmãs de fé, companheiras, nem tão boas, mas batutas... Tão folgado que seu arco já não se retesa e sua flecha já não parte.
E Fernando Lugo, quem se anima? Vai lá no Paraguai e dá um abraço nele, mermão. Cê vai ver o que acontece. Aquilo sim é que é bispo-papão. Se ele disser que deseja para você paz e amor, acredite só na paz; a referência ao amor é paraguaia, tem tudo para ser falsa.
Tem, dentre otros muy amigos, o Manuel Zelaya que fixou residência por um bom tempo na Embaixada Brasil Da Silva, em Tegucigalpa. Nem ele mesmo se suporta. Está pegando o seu chapéu e se mandando pro México. Tenta fugir dele mesmo. Se futuro político é cantar El Sombrero, num boteco qualquer de Acapulco. O bar vai pedir falência.
Mas, chato mesmo é Hugo Chávez. Esse, nem os seus mais íntimos companheiros bons e batutas estão aturando mais. O seu vice-presidente pegou o chapéu e deu no pé. De tal maneira Chávez anda de saco cheio de si próprio que, pelo menos uma vez por semana, manda lacrar um canal de TV. Só para não dar de cara com si mesmo. Já andam falando que o povo venezuelano está preparando uma boa cama para ele deitar. Como é folgadão mesmo, ele já disse que não quer um leito de molas, prefere dormir em cama de madeiura, dessas de pau duro. Deve ser bom para a sua coluna.
E, quem vem de lá é seu delegado, parece um boneco desengonçado... Eis que é Lula do Brasil Da Silva. Bem, esse você já conhece desde as segundas-feiras de manhã cedo com o Café com o Presidente; conhece também pelas tardes afora e noites adentro; pelas fotos nas paredes, pelos retratos nos jornais, nas revistas, pelas imagens na internet e nas telas de TV; pelos improvisos de palanques, discursos em dia de medalhas e de pedras fundamentais por promessas inauguradas...
Bem, você já se deu conta de que Lula é hoje a sua overdose de paciência. Mas, o que você já percebeu com toda clareza é que no fundo, no fundo Lula é igualzinho, sem tirar nem pôr, a Kirchner, Morales, Lugo, Zelaya, Chávez...
E assim, de overdose em overdose, você acaba se viciando.
