O Brasil foi o primeiro a sossobrar no Haiti e o último a saber. Agências de notícia se adiantam e informam: Zilda Arns e mais 11 brasileiros perderam a vida no terremoto.
Militares brasileiros morrem no Haiti. Não fosse a Força de Paz do Brasil se meter aonde não foi chamada, essas lágrimas não seriam nossas.
O que é mesmo que o Brasil está fazendo no Haiti?!?
Soldado raso, recruta, militar de baixo coturno não sabe combater terremoto. Isso é missão para comandantes de alta patente e de figuras retóricas de baixo calão: presidentes, ministros de forças armadas e desarmadas, chefetes de gabinete, donatários das capitanias do Itamaraty. Esses deveriam estar no Haiti há muito tempo. Bem antes das chuvas e trovoadas. Ninguém sentiria sua falta por aqui.
Gastos do Brasil com as tropas no Haiti, ultrapassam os R$ 700 milhões. E a guerra nem é nossa.
França enviará aviões com ajuda humanitária para Haiti. Por favor, se forem dois caças Rafale, arranjem logo um lugar para aterrissagem forçada!
Presidente Lula lamenta tragédia no Haiti. De longe é fácil fazer o amor, não fazer a guerra, bicho.
Lamentos nem deveriam ser notícia. Quem é que vai querer comemorar numa hora dessas?!?
O mundo se mobiliza para ajudar o Haiti. Quem diria?!? Lula sozinho não foi capaz de fazer isso. E nem sequer chamou a Super-Dilma para dar um jeito na coisa!
Para o governo brasileiro, diante do terremoto no Haiti, o tremor que sacudiu o Norte e o Nordeste no início da semana, não passou de um tremelique.
Confirmado: terremoto no Haiti e o tremelique no Norte/Nordeste não abalaram a campanha de Dilma Roucheffe da Casa Civil à sucessão de Lula.
Avião com militares brasileiros não conseguiu pousar em Porto Príncipe. E a gente nem está usando ainda os caças do Sarkozy.
A última Força de Paz que o Brasil mandou para o front foi pouco antes de eclodir a Redentora de 1964. Os pracinhas brasileiros foram veranear lá pela Faixa de Gaza. Uma certa noite acalorada e cheia de estrelas foi cortada por um ribombar semelhante a um tiro de canhão, logo seguido pelo pipocar de metralhadoras.
No dia seguinte, nossos heróis embarcaram rumo ao Brasil para nunca mais voltar. Só muito tempo depois se deram conta de que se tratava da chegada doAno Novo.
Hoje, quase 50 anos depois, estamos no Haiti. Bem mais perto, mas já com saudade do papagaio e de Totó, o cachorrinho quase irmão de criação. Como ontem, lá estamos sem saber por quê fomos e nem para quê chgamos.