SEM BÓIA
Uma das fábulas mais antigas e que, de tão simples, foi assimilada pelo povão é a do mentiroso que se afogou. De tanto ser salvo por fingir que se afogava, um dia o mentiroso morreu afogado. Os crédulos já sabem agora que os institutos de pesquisa de tanto que mentiram para os outros, acabaram acreditando em si mesmos. Agora, a verdade está vindo à tona.
BOCA DO POVO
Em dia de eleição, os institutos de pesquisa no Brasil não erram nunca. Todos os levantamentos anteriores caem na vala comum da falta de memória nacional e fica valendo a infalível boca de urna que qualquer grupo de escoteiro pode realizar com absoluto sucesso.
DESPAUTÉRIO
É de cair o queixo como a mídia se deixa encantar pelas pesquisas eleitorais e seus resultados que saem melhor que a encomenda. Não há um cristão - ou muçulmano, nem ateu no universo das comunicações - que pelo menos pergunte quantos petistas a mais, tucanos a menos e vice versa foram entrevistados a cada investida dessas, pagas a peso de ouro pelos manipuladores da opinião pública. Isso é falta de pauta. Como se diria lá pelo Palácio, um despautério.
ARTISTA DESEMPREGADO
Lula, já se sabe, será o mais novo-rico do Brasil desempregado a partir de 1° de janeiro de 2011. A cadeira que tanto queria na ONU vai ficar vazia de seus fundilhos, enquanto não for ocupada por alguém mais importante como o representante do Cafundó do Judas, por exemplo. Não levará também o Nobel da Paz, já que Fidel, Chávez, Ahmadinejad e outros ditadores não aguentariam tal desaforo. Assim é que, Lula vai ter que se contentar com o ostracismo de suas aposentadorias - todas elas de salário mínimo - e com a virada de mesa que Dilma vai dar. O que pode lhe sobrar como alento para recobrar a notória popularidade é enfiar a carapuça do Oscar que Barreto lhe reservou com o retumbante fracasso de bilheteria "Lula - O Filho do Brasil".
DAMA FLOR
Essa Dilma paz e amor que vocês estão vendo, não é nem sombra da Dilma que - ainda dona da Casa Civil - mandou Erenice montar o "banco de dados" sobre Fernando Henrique e dona Ruth; não é nem de longe a Dilma que nomeou Erenice para o lugar que, um dia, ela mesma havia tomado de seu companheiro bom e batuta, Zé Dirceu. Dilmalá é Lula na reserva e Michel Temer na geladeira. Ela não tem têmpera para aturar o bafo de Lula no cangote, nem os cutucões de Temer por baixo dos panos. Não vai querer fazer o papel de Dona Flor e seus dois maridos. Prefere interpretar a Dama de Ferro.
DRACULAGEM
Dilma, além de tudo, está gorda de cortizona. É duro que se diga, mas Michel Temer mal pode esperar para deixar de interpretar o papel de mordomo de filme de vampiro, para encarnar definitivamente o Drácula. Só assim não precisará mais ficar humildemente sugando empregos e bocas ricas no governo para o seu partido, como vem acontecendo há cuênios nesse país. Ele será o governo.
"JURISPRUDENTES"
O jeitinho brasiliense de Joaquim Roriz driblar a lei, ao indicar sua mulher para o seu lugar nas eleições do dia 3 de outubro, vai virar "jurisprudência". Todos os outros fichas-sujas já se preparam para fazer o mesmo pelo Brasil afora. A Lei - curta, grossa e mal-ajambrada, está tomando o maior baile. Nem poderia ser diferente, afinal isso aqui é o país do futebol.
MICOS
O medo de ir para o segundo turno subiu à cabeça de Lula e de Dilma no último comício da postulante ao lado do seu criador. Tanto criatura quanto criador pagaram mico ao discursar. Dilma disse que é preciso escolher "a mudança" no dia 3 de outubro. Depois tentou remendar, fazendo a emenda sair pior que o soneto: "é a mudança e a continuidade do avanço".
De sua parte, Lula errou o número de Marta Suplicy e apresentou Michel Temer como vice da própria Marta, simples candidata ao Senado. O grande orador, em seguida, se corrigiu. "Gente, estou doido. O Temer é vice da Dilma", rouquejou Lula dizendo, até que enfim, duas verdades seguidas: Temer é mesmo candidato a vice de Dilma e ele só pode estar sim, no estado mental que disse.
DEPRÊ
Tome nota aí. Dia 2 de janeiro do ano que vem é o início da crise de depressão que Lula vai curtir por pelo menos quatro anos. Sem a chave do cofre, sem a tiara de presideus, sem palanque e sem a mesma intensidade de holofotes, Lula não vai aguentar o tirão. É aí que a gente vai descobrir que seu nome não é Dilma coisa nenhuma.
RODAPÉ - "Por pelo menos quatro anos" é força de expressão e um ledo engano. O Brasil só tem presidente, no máximo, por dois anos; nos outros dois ele vira cabo-eleitoral.