2 de set. de 2010

Lula e o seu Governo Invisível

Texto de Guilherme Fiuza, editado pelo jornal O Globo, chamava a atenção outro dia para mais um revelador destempero verbal do rouquejante presideus Lula que, com bem mais de 70% de aprovação popular, não só pensa que pode dizer o que bem entende, como diz o que quer e quando quer.


A ameaça foi feita, em tom popularesco, quando ele reclamava contra o Congresso Nacional que ele não dorme enquanto não o transformar na Casa do Polvo de uma vez por todas. Regorgou assim:

“Penso em criar um organismo muito forte, juntando todas essas forças que nos apóiam, para que nunca mais a gente possa permitir que um presidente sofra o que eu sofri”.

Assim falou o Zaratustra de Garanhuns de cima de um palanque pernambucano, com a naturalidade de quem joga pérolas aos porcos. E o Parlamento não tugiu, nem mugiu. E o povão - que adora ter um ídolo e gosta de ser mandado - nem percebeu do alto de sua fenomenal cultura geral que o presideus estava anunciando, para seus tempos de férias até 2014, a montagem de um organismo mais poderoso que o governo provisório que engendrou para suas postulante preferida, a tátibitáti dona Dilma.

E esse povo de quem nunca foi escravo será escravo de ninguém mais, ninguém menos que seu venerado Abelardo Barbosa que lhes joga postas de bacalhau enquanto balança a pança e comanda a massa. Lula faz do Brasil a sua chacrinha.

O uso do Estado como arma de pressão contra quem não pensa como o governo quer que pense; contra quem não fala como o governo quer que fale; que não faça como o governo quer que faça, já está em curso há bom tempo com quebras de sigilos, montagens de dossiês, desqualificação e execração pública dos opositores, transformação de vítimas em acusados. Mas não basta, é preciso stalinizar o Brasil, hitlerizar se preciso for...

Nem a paixão pelo poder pode salvar o Brasil que não está de joelhos. Assim que Dilma sentar na cadeira que os fundilhos de Lula esquentaram por oito longos anos de dolce far niente, ela vai gostar. E tanto gostará que dali não há de querer sair jamais.

Esperto como ele só, Lula sabe disso muito bem e já cuida de montar aquilo que anda ameaçando às claras para o povão desavisado do Bolsa-Famíglia: criar um organismo muito forte, juntando todas essas forças que o apóiam. Esse organismo muito forte é o velho e terrível governo invisível. Lula já se proclamou seu presidente.

RODAPÉ - Essa é uma história real, qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas não é mera coincidência. O script é antigo. Leia como a história define coisas genéricas e similares que tem o mesmo efeito das fórmulas originais:

"O que diz que sabe governar é sempre um usurpador" (C. Bini - Monoscrito d'un prigioniero).

"A maior necessidade de um povo é ser governado; sua felicidade maior é ser bem governado" (J. Joubert - Pensées).

"Não se pode depositar nenhuma confiança nos companheiros de governo; a autoridade, qualquer que seja sua forma, não suporta ser compartida com outro" (Lucano - Farsália).

"O maior perigo dos governos é governar demasiado" ( Marquês de Mirabeau - Colletion).

"A força de um governo não é realmente outra coisa do que senão a força dos que se deixam governar" (G. Raynal - Histoire Phylosophique).

"Por tirano é tido todo aquele que se converteu em senhor" (P. Corneille - Cinna).

"Isto eu quero e assim eu mando; valha por razão a minha vontade" (J. B. Larcordaire - Sátiras).

"Chame de tirano a todo aquele que, tendo o poder da popularidade em uma nação que ainda é livre" (Sérgio Siqueira - O Animal Social

Acabo de receber uma mensagem a propósito da matéria:

"O Lula precisa da democracia pra se criar" (Antonio Cezar Ross de Garcia).