Isso é fornecer mais luz para o poste preferido do presideus. Cada parágrafo - e eu puxei essa droga de algum lugar para entontecer meus arquivos - é uma porta escancarada a um escândalo. E, todo mundo sabe, quanto mais escândalo, mais popularidade.
Foto: ABr
É nessa baixeza que reside a estatura de suas falas prenhes de chavões melosos que dissimulam com alguns contornos de ternura a dureza que está armazenada para depois do outubro rossonero que vem aí. É o portal do paiol dos discursos explosivos e do fogo de palha na hora de arregaçar as mangas e colocar mãos à obra.
Determinei-me não avaliar o improviso que escreveram em letras pretas e vermelhas para Dilma. Seus ghost writers carecem tanto de crédito quanto a leitora.
Estou me lixando para uns e para outra. Ainda mais quando escuto, leio e vejo a agora consagrada candidata ao reino de Lula dizer a seus súditos, lá no meio de uma frase de efeito que "...a nossa democracia"...
Como assim, "nossa democracia"?!?
Foi só mais um ato falho. Certamente ela não gostaria de ter lido nem dito aquilo, para não deixar no ar a mais leve pista de que a democracia brasileira já tem donos; os mesmos donos que se apropriaram do Brasil.
O regime agora tem donos. Ou então estou redondamente enganado. Ela gostou sim de ler e de dizer que a democracia é deles. Tanto faz, como tanto fez. Estão se lixando. Como se lixam para escândalo, combustível essencial da sua "governabilidade". Afinal, quem é que manda nessa República da Esperteza?!?
Ela, ele e todos eles - há que reconher - criaram e dominam perfeitamente o conceito de que para quem um dia quis mandar, todo aquele que manda é um tirano. Fazem-se vítimas dessa regra geral de que a oposição sempre invoca a liberdade. Coitados. Só não posam de "pobres infelizes", porque não podem: estão todos ricos.
Não basta fingir-se de vítima. É pouco, pelo menos para aqueles que conseguem perceber que todo dono do poder invoca sempre para si o direito e a ordem.
Por mim, podem escrever e ler quantos discursos quiserem, já me convenci de que a força dos governos está em sugar, até à última gota, os valores dos que se deixam governar.
O que incomoda é o efeito multiplicador que a mídia lhes dá. Isso parece e cheira à mais vil e mais submissa forma de cobrança.
Mas, enfim, é dessa cobrança que vivem os donos daquilo que a própria Dilma e sua pandilha, em seu Programa Nacional de Direitos Humanos, chamam de "monopólios da comunicação".
Ricardo Stuckert/PR
Aqui, um flagrante dissimuladamente fortuito da dona de Casa Civil, Dilma Roucheffe-do governo, quando ainda nem era candidata, entregando as chaves do programa "Minha Casa, Minha Vida" - versão oficial do "Minha Casa, Meus Votos" que Joaquim Roriz lançou há séculos no Entorno de Brasília. A alegre eleitora contemplada é de São Leopoldo/RS. Isso foi no dia 5 desse longo fevereiro de carnaval.