Nesse Brasil Da Silva que abre um sindicato por dia, não é supresa nenhuma saber que o governo Lula "que não rouba, nem deixa roubar" pagou, nos últimos sete anos, R$ 3 milhões e 300 mil pelos serviços de um sindicato de fachada que terceiriza mão de obra.
Trata-se do notável Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral (Sintram) da cidade goiana de Montividiu - um centro habitacional de nada mais nada menos de 9 mil habitantes.
Reportagem do jornal Estado de S. Paulo conta que foi o Ministério da Agricultura que entregou essa dinheirama toda ao tal Sintram.
A sede do sindicato é um cuchicholo alugado de dois cômodos, não tem placa de identificação e é vizinho de porta de um salão de beleza. É ali que o arremedo de sindicato banca a terceirização, fecha contratos com empresas agrícolas e comete a ilegalidade de ficar com 15% do dinheiro dos trabalhadores
A reportagem do Estadão revela que a região Centro-Oeste é a principal fonte de renda do mafuá, presidido por Djalma Domingos dos Santos. Ele é responsável pela montagem de uma rede de sindicatos em outras cidades de Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Bahia e Distrito Federal. O jornal apurou que em Brasília o endereço fornecido pela entidade ao governo é fictício.
Para o Estadão o Ministério da Agricultura alegou que o pagamento ao Sintram foi feito por conta do serviço de carga e descarga de caminhões prestado para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Aí veio o superintendente-substituto da Conab, Emil José Correia e botou uma pedra em cima para acabar com o assunto: "O sindicato venceu um processo licitatório realizado".
Quando lhe falaram que o contrato já foi prorrogado quatro vezes e que o sindicato de fachada estava sendo investigado pelo Ministério Público, o bacana mostrou a serenidade dos justos e competentes: "Não sabíamos do processo. Agora que fomos informados, vamos avaliar o que fazer".
Na verdade, é só mais uma empresa fajuta com cara de sindicato que atua sem fiscalização e faz o que bem entende e quer com a arrecadação do imposto sindical, uma crescente e desbragada maracutaia que movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano. Essa gandaia é uma consentida e descarada concorrência à alegação de Lula de que "o fim do fator previdenciário abrirá um rombo de R$ 40 bilhões em 20 anos nos cofres da Previdência".
Com uma rede dessas, um aparelho paraestatal que gera dinheiro com a venda de vagas e exploração de empregos escravagistas, não há quem tenha medo de qualquer pesquisa eleitoral. Nem aqui, nem em Caixaprego. No esquema coronelista disfarçado de sindicalismo distribuir grana e trabalho, ainda que de forma brutal e acima da lei e do senso de justiça, sempre rende popularidade. Mas é pouco provável que essa teia de renda negra consiga transferir voto e simpatia. (Fonte: Estadão).