19 de mai. de 2010

Calocci, o Mapa da Mina I La Nave Va

Pois não é que Antônio Calocci foi condenado outra vez?!? Grandes coisas. Tudo vai dar em nada. Como vem dando há muito tempo. E como vai continuar dando.

Só pra refrescar a memória: Totonho Calocci, então prefeito de Ribeirão Preto, foi coordenador da campanha de Lula em 2002. Lula se elegeu. Calocci virou ministro da Fazenda.

De 2003 a 2006 ele mandava e desmandava no governo Da Silva. Era do refestelado Núcleo Duro de Lula, composto por aloprados como Lulu Gushiken e Zé Dirceu, o Vavá de Luxo do Palácio.

Bem no meio, em 2005, esse dueto desafinou, trupicou e caiu na proa do navio, enrolado no manto escandoloso do mensalão.

Totonho Calocci também trupicou e caiu, em 2006. O tropeção foi na âncora que o caseiro Francenildo Santos Costa lançou de inopino. Ele mandou quebrar o sigilo bancário do aprendiz de jardineiro que o dedurou de frequentar um casarão daqueles cheio de luzes vermelhas, às margens plácidas do lago Paranoá, em Brasília. O bordel atendia pelo codinome de "República de Ribeirão Preto".

Era um lugar que se prestava para festas com garotas de dificil vida fácil de programa. Fingindo-se paranóico, Calocci apelou para o velho hábito petista e lançou suspeitas de que o caseiro o denunciara por ter levado propina da intrigante oposição que queria jogá-lo numm mar de lama. A estratégia da desqualificação do acusador vinha à tona. Era a tábua de salvação.

Calocci achou que iria afogar o linguarudo assim que pegasse os extratos bancários do infeliz delator. Deu com os burros n'água. Caiu de quatro e saiu boiando. O trabalhador tinha dinheiro no banco, mas era um presente do pai dele. O caseiro escapou por um fio de acabar no porão. Mas sua privacidade foi arrombada. Só que, com o arrombamento, as máquinas de Calocci acabaram botando água pelo ladrão.

Não deu outra, Caloci foi defenestrado. Ao sair pela janela dos fundos deixou para trás da escotilha um saco de acusações de ilegalidades cometidas em águas de Ribeirão Preto e que se espalharam pelo convés. As suspeitas, transformadas em denúncias de corrupção eram bem piores do que a descabida quebra do sigilo. Nem por isso o barco ficou à deriva.

O trupicão foi só o primeiro sinal imediato de que o comandante da nau dos insensatos, chefe Zé Dirceu era pura hipocrisia quando vociferou aos quatro ventos e a todas as velas que "esse é um governo que não rouba, nem deixa roubar". Coisa de pirata, da perna de mau e da cara de pau. A tripulação pode até ter perdido a vergonha, mas não perdeu o rumo.


Em 2006, talvez até por isso mesmo, Lula e Calocci se reelegeram. Logo o Ministério Público de São Paulo denunciou Palocci, abordou a Justiça e pediu a sua prisão preventiva por algumas piratarias de somenos importância como crimes por formação de quadrilha, peculato e adulteração de documentos públicos.

A bússola apontou para Calocci que foi acusado de chefiar a banda larga que fraudou contratos de limpeza pública na Prefeitura de Ribeirão Preto, abrindo um rombo nas burras públicas prejuízos de mais de R$ 30 milhões. Os promotores queriam ancorar, nada mais nada menos do que 225 anos de prisão para o caloteiro.

No ano seguinte, Calocci foi condenado em primeira instância pela Justiça pela doação de materiais de construção para a Associação dos Funcionários da USP - Universidade de São Paulo e pelo nebuloso projeto Vale dos Rios. No fundo, no fundo desse rio, a papagaiada foi o lançamento da pedra fundamental do PAC em sua versão riobeirãopretana que prometia a construção de uma ponte suspensa no centro da cidade.

As obras, como toda e qualquer promessa de PACs e PiriPACS, cheias de papagaios de pirata, não sairam do papel. Queimaram no porto seco nada menos de R$ 4,7 milhões na tal ponte, mas só conseguiram justificar R$ 323 mil. O ínclito e destemido TCE - Tribunal de Contas do Estado, só para perseguir as hostes petistas viu irregularidades na dispensa de licitação, no contrato e nas despesas autorizadas, tudo sob o gancho do ousado capitão Calocci.

Velhos marinheiros de Calocci que ocuparam postos de proa na Prefeitura de Ribeirão também mergulharam em condenações. Todas muito rasas. Entre mortos e feridos, todos se salvaram.

De lá pra cá, muita água correu por baixo da ponte e nada aconteceu com os protagonistas, nem com os coadjuvantes desse enredo do mais novo cinema brasileiro, um misto de tragicomédia e pornochanchada. Nem de naufrágio sequer se tem notícia. Um filme de piratas que não acaba na primeira abordagem.

Pelo que se vê, não há nada melhor, mais identificado e nem ninguém mais qualificado para ser o coordenador, misto de vilão e bandido, de uma aventura que navega nas águas plácidas em que a mocinha da história, dona Dilma, nada de braçada. Logo chegarão ao tesouro escondido nas cercanias do Palácio. Know how e tripulação são o que menos falta para desvendar o mapa da mina. O butim vai continuar. I la nave va.