Nos bons e velhos tempos de colégio, uma das primeiras e mais marcantes lições de vida que o Garanhão de Pelotas - correspondente político do Liberdade de Expressão, aprendeu é que tamanho não é documento.
Cansou de ver, no horário de recreio, muito grandalhão levando tabefes de meninos mirrados e bem menores. Assimilou com profunda admiração a história de David e Golias.
Viu que o baixinho Garrincha desmontava os maiores e mais truculentos marcadores. Soube que Pelé não precisou mais do que de 1m72 de altura para ser o maior do mundo.
Aprendeu que Getúlio Vargas - o simpático ditador poderia ter participado do festival de teatro estudantil atuando como anão na peça Branca de Neve; que Adolf Hitler era um baixote que infernizou a vida do possante Winston Churchil e quase derrubou o descomunal pau de vira-tripa Charles De Gaulle. Napoleão, por exemplo... Napoleão era, dentre os nanicos históricos, um dos mais invocados.
E o Arnold Schwarzeneeger, que altura você pensa que ele tem? E o Jean Claude Van Damme? E o Tom Cruise e o boca-torta Sylvester Stallone... que estatura você acha que essa gente toda tem?!? Tudo baixinho e valentão! O Cazuza era tiquitito pero cumplidor, um baita compositor; o Lauro Corona, era baixinho e, no entanto, um ator de enormes dimensões.
E só para não deixar de ser porco-chauvinista... E aquela anãzinha do Gran Circo que dava pro trapezista que emprestava o nome ao espetáculo? Que valentia, que coragem!
Mas, ao correr da vida o Garanhão de Pelotas viu muito baixinho medroso também. Mais covardes e fanfarrões do que precavidos.
Há coisa de dois anos, em plena XVII Conferência Ibero-Americana, o vuvuzelante Hugo Chávez não parava de interromper a tudo e a todos com suas basófias incomodativas, quando levou pela cara um acachapante brado de Juan Carlos de Espanha: - Por qué no te callas, Chávez?! Não só calou-se, como saiu com a cola entre as pernas.
Agora, Álvaro Uribe enfiou o dedo na caneta e mandou um desaforo por escrito para Lula Da Silva, um presidente que se promoveu a cabo eleitoral de uma postulante e, mais que isso, aparenta ser o presideus de uma nação inteira - o que parece pouco para suas pretensões de grande mediador latino-americano e mundial, pai de todos, fura-bolo e mata-piolho.
Lula do Brasil foi chamado explicitamente de deplorável e, na altura em que o comunicado de Álvaro Uribe diz que ele "não entendeu a dimensão do conflito entre Colombia e Venezuela" chamou-o, nas entrelinhas e na melhor das hipóteses, de tonto. Um depreciativo que ribombou pelo mundo afora como se o presidente colombiano - que sabe da velha camaradagem entre os FARCistas Lula e Chávez - estivesse mandando Lula parar de dizer asneiras. Uma chamada, um pito, um puxão de orelhas, mais ou menos assim como:
- Por qué no paras de zurrar, Lula?!?
Os tropeiros do presideus já saíram dos estábulos e se adiantaram a apagar a versão hodierna daquela provocativa cuspida que nos tempos de colégio antecedia o primeiro tapa, aquele que dava início à briga entre dois desafetos de bancos escolares; o tradicional - Vem, vem se tu é homem! Lula já mandou avisar que não vai bocar. Encolheu-se, vai engolir o que disse e guardar o desaforo em casa.
Uma coisa que o Garanhão de Pelotas aprendeu com as brigas entre grandalhões e baixinhos pela existência e pelo mundo afora é que, invariavelmente, o vencedor sempre era aquele que tinha razão. Tamanho nunca foi documento. O certo sempre venceu o errado. Aquela coisa do bem contra o mal...
RODAPÉ - O Brasil tem um território de 8,5 milhões de metros quadrados e 192 milhões de habitantes. É sete vezes maior do que a Colômbia, com 1,2 milhão de m2 e uma população de 45 milhões de pessoas. A Colômbia tem um índice de alfabetização de 95,3% e ocupa o 83° lugar no ranking mundial; o Brasil, com 90% de alfabetizados é o 95° colocado no mundo. O Brasil de Lula é bem maior do que a Colômbia de Uribe... Só no grito.