18 de jul. de 2010

Popularidade a todo e qualquer custo

A grande obra desses últimos oito anos de governo foi a construção de Lula como O Cara mais popular do Brasil em todos os tempos. Ao contrário das demais que não saíram do papel, essa vai de vento em popa, embora - como as outras - ainda não esteja concluída. Lula gosta e quer mais e, para chegar lá não poupa esforços. Nem dinheiro público.

Não se pode negar que, ao longo de sua carreira de metalúrgico aposentado precoce e de político profissional tão insistente que chegou ao Palácio, ele pegou o jogo de cintura e, como ninguém, se vira e revira, mexe e remexe com desenvoltura em cima de um palanque, sob as luzes dos holofotes, numa daquelas lambretas que servem de púlpito para suas orações em Cúpulas nacionais e internacionais.

Cupular é uma arte que Lula domina com enorme apetite. Não há canto nem recanto nesse país que não tenha visto e ouvido Lula cupulando.

Isso, no entanto, esse jeito maneiro, malandro, esperto de ser é apenas o complemento de uma síndrome de popularidade adquirida com o uso do dinheiro da carga mais pesada de impostos do mundo que lhe cai no colo de forma tão pagã, quanto religiosa.

Os valores da popularidade de Lula tem raízes profundas e explícitas no aumento de salário do funcionalismo público - uma legião que não para de crescer - e até do salário mínimo; tem origens idênticas no bolsa-famíglia seus genéricos e similares.

Lula é popular por isso - e quem não o seria?!? É popular porque só de bolsistas-familiares tem quase 13 milhões de chefes-desempregados de família a seus pés. Uma nação de ociosos que, se não votarem direito e não mandarem seus dependentes maiores os imitarem nas urnas, ficarão chupando o dedo.

É uma popularidade que vem custando os tubos para o país que trabalha e quer ser feliz. O Orçamento
federal é o maior saco sem fundo que o Brasil já sacudiu desde que Pedro Álvares Cabral assistiu a primeira Missa nessa Terra de Santa Cruz.

Se viesse só daí, a popularidade de Lula seria bem mais comestível. Desceria, ainda que arranhando, um pouco melhor pela goela abaixo dos que pagam a conta e enchem as burras públicas de dinheiro. Mas Lula balança a pança e comanda a massa com o que fatura em notoriedade pelo inchaço que promoveu na máquina do Estado.

Hoje o Brasil Da Silva tem quase 50 milhões de dependentes diretos desse dinheiro que cai nos cofres, cujas chaves estão na mala preta de Lula. O Cara garante quem tem seguro-desemprego, bolsa-famiglia, do mesmo jeito que sustenta assalariados do funcionalismo público e aposentados.

Nem é preciso agregar a esse bolo de beneficiários diretos, o tal grupo de afinidade - conjuge, filho, poeta, seresteiro, namorado - basta mais um afim apenas e pronto se chegará a cem milhões de admiradores.

Isso é mais do que a população de 20 países como o Uruguai, tres ou quatro Argentinas - só para ficar com duas das nações mais próximas que primeiro nos venham à mente.

Pior, pagar essa popularidade no ano passado custou cerca de R$ 600 milhões, quase 80% dos gastos não financeiros. Um absurdo digno de Ionesco, já que o governo Lula, no mesmo período, gastou pouco menos de 8% com a Saúde - para ficar só com ela e nem falar em outros relegados investimentos essenciais.

É assim que se entende o que Lula quer dizer quando preega a "estratégia de coalização pela governabilidade" - um eufemismo para a criação desenfreada de cargos públicos, terceirizações, bolsas de todos os tamanhos e feitios.

Isso tem jeito de popularidade, mas na verdade é o poder absoluto de fazer amigos e influenciar pessoas. O dinheiro que jorra dos impostos cai dentro das urnas.