Qualquer aprendiz de feiticeiro, ou qualquer noviça rebelde dos quadros oficiais da investigação criminal, em qualquer lugar do mundo, diante do corpo de uma pessoa assassinada, antes de tudo quer saber quem é, ou quem são, os beneficiados pela morte da vítima.
Se o assassinado é o marido, a primeira suspeita é a esposa; se a mulher foi quem morreu, o marido é o cara. No caso de assassinato do casal sem filhos, o candidato favorito dos investigadores é o mordomo. Já em casos de morte com indícios de homo, o motorista lava mais branco. Aí já é homocídio.
Em crimes que acabam com a vida do presidente de empresas ou organizações públicas ou privadas, o principal suspeito é o sócio, ou aquele que assume a presidência. Nos escândalos em que governadores, prefeitos e genéricos são eliminados, os policiais pegam no pé do vice. É assim, ou pelo menos deveria ser, com os senadores que batem as botas estranhamente: o suplente é o primeiro a ser investigado. É uma espécie de ordem natural; tipo assim cerimonial de precedência.
A primeira e singela pergunta básica é sempre: "Quem teria interesse na morte da vítima"? A segunda é para saber se havia seguro de vida feito pelo falecido em benefício de quem. A terceira, é para deslindar o mistério da sucessão: quem fica no seu lugar? A quarta e as demais, sobre desafetos, depressões, desenganos, quase que nem precisam ser feitas. A essas alturas todo mundo já sabe quem é ou quem são os culpados.
No caso daquele acidente de carro, em Petrolina-PE, no dia 12 de novembro de 2004 que resultou na morte de Luís Eduardo Saeger Malheiro, então presidente da Bancoop - Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, quem foi, ou quem foram os principais investigados? Houve alguma curiosidade a respeito de quem levaria vantagem, ou foi fácil demais deduzir que acidente automobilístico no Brasil é o que não falta?!?
E olha que Malheiro não foi sozinho, dois outros dirigentes da cooperativa também perderam a vida deixando vagos os principais cargos da diretoria da poderosa organização, hoje mergulhada em dívidas que batem nos R$ 100 milhões.
Em tragédias assim há investigação? Se há, então é elementar, meus caros: o método investigativo deve ser o mesmo empregado na busca pelo assassino, ou assassinos de Celso Daniel, o prefeito petista de Santo André, cujo corpo crivado de balas foi encontrado na Estrada das Cachoeiras, em Juquitiba, no já longínquo dia 20 de janeiro de 2002.
Para que não fique nada de nebulosidade pelos ares, inverta-se o rumo da questão fundamental. Ao invés de querer saber quem leva vantagem num homicídio, pergunte-se - para inocentar os mais chegados: - Quem saiu prejudicado com a morte da vítima?
Com o assassinato de Celso Daniel, não tenham dúvidas: o grande prejudicado foi o PT que perdeu um dos seus melhores prefeitos de todos os tempos; honesto, sério e avesso à corrupção.