16 de mar. de 2010

Pinga por Ayahuasca

Aí, em busca da paz interior, Glauco foi buscar amparo espiritual no Santo Daime. Fundou até uma igreja, Céu de Maria, ao lado do sítio onde morava. Tudo ia muito bem, eis que senão quando, aparece um imbecil embuchado de ayahuasca, dizendo que era Cristo e acaba a tiros com a vida dele e de seu filho Raoni.

O Santo Daime é um cipoal religioso que apareceu na região amazônica nos primórdios século XX. É uma doutrina espiritualista que usa a ayahuasca, uma droga psicodélica, para juntar cacos interiores e espíritos inquietos à procura da sanidade, da paz e harmonia interna do praticante.

Os consumidores da erva garantem que depois de usá-la o seu ser se regenera. O daimista, ao tomar o chá entra pelos caminho do auto conhecimento. Isso pode lhe corrigir os defeitos do ego e torná-lo um cara muito legal muito melhor. É a trilha da perfeição.

Os usuários de ayahuasca repudiam o rótulo de que se trata de um alucinógeno. Chamam-no candidamente pelo codinome de enteógeno que, ao fim e ao cabo, quer dizer "gerador da divindade interna".

Daqui pra frente preste atenção. Quem é chegado garante que a ayahuasca produz uma ampliação da percepção e isso faz com que o crente consiga ver nitidamente a própria imaginação. O cara deleta as ruindades e fica só com as divindades.

O chá vai mais longe ainda: permite que seu bebedor consiga acessar níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, de tal forma e dimensões que se julga sempre consciente do que acontece. O daimista mergulha nas chamadas mirações.

Quem canta os mesmos hinos e presta os mesmos louvores à ayahuasca acham que podem alcançar o patamar que vai além da imaginação, um estado de des/alucinação e hiperlucidez.

Há adeptos, como esse beócio chamado Carlos Eduardo Sundfeld Nunes que depois de tomar o chá amazônico se consideram um Cristo às avessas; outros pensam que são deuses que podem fazer com o Brasil o que lhes dá na telha.

Tropas aliadas e detetives particulares de todas as esferas já investigam pistas e indícios de que algum mordomo andou trocando a pinga por ayahuasca nos corredores do palácio.