Essa irritação toda, essa vituperação de Lula contra a justiça eleitoral é muito simples de se entender: ele não aprendeu nesses oito anos de governo que a Presidência da República não é uma pessoa, é uma instituição.
O presidente, seja lá quem for, venha lá de onde quer que tenha vindo, é presidente full-time, 24 horas por dia. Não tem direito a um minuto sequer de folga, para deixar de mão o cargo e ser o que gosta de ser, o que acha que pode, ou que melhor sabe fazer.
Mesmo quando não sabe ser presidente, não tem esse direito nem para ser apenas um reles cabo eleitoral de ninguém; muito menos de uma mandona que sempre foi mandada; de uma guerrilheira que quando pegou em armas foi para montá-las e municiá-las para seus chefes e que, até por isso mesmo, especializou-se na arte de dar tiros no próprio pé.
RODAPÉ - Nesse mesmo instante, Lula estava deixando vago o cargo de presidente e assumindo a tarefa de cabo eleitoral de Dilma lá no ABC paulista, num evento contraponto ao lançamento da candidatura de Serra, em Brasília.