O furioso destemperou-se porque Marco estava imediatamente atrás de ninguém mais, ninguém menos do que do honrado presidente do Tribunal no momento solene em que o ministro usava um caixa rápido, localizado na Corte.
A histeria do presidente do STJ ocorreu quando ele fazia uma transação em uma das máquinas do Banco do Brasil. Naquele instante, o estagiário se encaminhou para outro caixa - próximo de Pargendler - a fim de depositar um cheque de uma colega de trabalho.
Ao dar de cara com uma mensagem de erro na tela da máquina, o rapaz foi informado por um funcionário da agência que o único caixa disponível para depósito era exatamente aquele que o ministro estava usando.
Teve então a audácia de se dirigir até a linha marcada no chão, atrás do poderoso ministro, local indicado para o próximo cliente.
Incomodado com a proximidade daquela reles "pessoa não comum", Ari Pargendler teria vociferado: “Você quer sair daqui porque estou fazendo uma transação pessoal."
Marco, o estagiário intransigente ousou tergiversar: “Mas estou atrás da linha de espera”.
Foi demais para o espírito da lei do mais forte: “Sai daqui. Vai fazer o que você tem quer fazer em outro lugar”.
Segundo testemunhas, Marco - o Instigante, tentou explicar ao ministro que aquele ali era o único caixa para depósito disponível e que por isso aguardaria no local.
Aí, transbordou... O juiz perdeu o juizo e jogou água fora da bacia: “Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui”. Até então o garoto não sabia com quem estava falando.
Uma estudante de Direito do Instituto de Educação Superior de Brasília, assistiu horrorizada ao destempero do ministro: “Ele ficou olhando para o lado e para o outro e começou a gritar com o rapaz. Avançou sobre ele gritando , 'Você já era! Você já era! Você já era!', enquanto puxava diversas vezes o crachá que ele tinha no pescoço". Fabiane Cadete, a academica, ainda acresentou: “Fiquei horrorizada. Foi uma violência gratuita”. Ela concluiu dizendo que quando o ministro partiu para cima de Marco disposto a arrancar seu crachá, ele não reagiu. “O menino ficou parado, não teve reação nenhuma”.
Uma hora apenas depois do deprimente episódio, a carta de dispensa estava em cima da mesa do chefe do setor onde o atrevido e petulante jovem trabalhava.
O barraco foi registrado na 5a delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal às 21h05 do dia seguinte, quinta-feira (20). O boletim de ocorrência tem como motivo “injúria real”. Ele é assinado pelo delegado Laércio Rossetto. O ministro tem direito a foro privilegiado.
Pargendler tem 63 anos, é macho de Passo Fundo e está no tribunal desde 1995. Foi também ministro do Tribunal Superior Eleitoral. Não aprendeu nada. Nem sequer aprendeu a envelhecer.
Ari Pargendler é 10. O outro é Ricardo Teixeira.